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domingo, 10 de maio de 2015
Murakami, meu amor...
Tu irritas-me sabes, Murakami? Trato-te assim porque este teu último livro, "A Peregrinação do rapaz sem Cor" não me encantou, não me levou ao teu maravilhoso imaginário, não encheu a minha mente e não me ficou no coração. Este teu Tsukuru podia ter sido bem mais espetacular. Nada tem de espetacular e tu, Murakami, já escreveste melhor. Se continuas assim desces do topo da minha lista de autores preferidos num ápice. Estou farta dos teus últimos livros tão medíocres. Esforça-te lá mais um pouco...
Continuo a gostar de ti mas despois disto, não sei não...
domingo, 16 de fevereiro de 2014
Auto-Retrato do Escritor Enquanto Corredor de Fundo - Murakami
Há livros que nos fascinam e outros que nem por isso. Sabia que "Auto-Retrato do Escritor Enquanto Corredor de Fundo" falava das corridas em que Murakami participou mas admito que acreditava que falasse mais que isso, dos romances que escreveu, do tempo que dedica à escrita, à sua vida mais pessoal. Mas o autor foca-se nas corridas, nos treinos, nos quilómetros que percorreu ao longo dos 10 anos que demorou a escrever este livro de memórias, das dificuldades das competições. Murakami também fala do tempo dedicado à sua profissão e em como depois da faculdade abriu um bar de jazz que teve durante 3 anos e que depois abdicou para se dedicar totalmente à escrita de romances. Tudo começou com um concurso e prosseguiu a partir daí.
Murakami participou em diversas maratonas, triatlos e ultramaratonas. O último desafio que pretende cumprir é participar no Ironman mas a idade não perdoa. Mas ele tem vontade. Muita vontade.
Trata-de de um livro que faz um elogio à corrida, ao desafio e à força mental que é necessária para percorrer tantos quilómetros. O episódio que me marcou neste livro de memórias foi o facto do escritor japonês ter percorrido os 42 km da maratona original em que um grego correu da cidade de Maratona até Atenas para dar notícias da frente de guerra. Murakami fez o percurso inverso a pedido de uma revista e anos mais tarde participou numa corrida que faz precisamente todo o percurso original. É o capítulo mais marcante, mostra toda a dificuldade que passou naquele dia com um calor abrasador
Murakami deixa transparecer o amor que tem por este desporto tão solitário mas que ele diz ter tudo a ver com ele: o silêncio, o vazio... Ele descreve bem estes sentimentos enquanto as suas pernas aceleram. Diz ele que a corrida o moldou enquanto homem. Teve aulas que o prepararam melhor para as competições e não desiste. A corrida é tão importante para ele como escrever. e tem tempo para tudo. Que belo exemplo de força de vontade!
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
A Sul da Fronteira, a Oeste do Sol - Haruki Murakami
Este livro deixou-me um profundo sabor amargo. Se me envolveu na maior parte da narrativa, enquanto Hajime conta a história da sua vida desde criança até à idade adulta, já casado e com filhas, na parte final desiludiu-me porque não compreendi o objectivo, o significado que Murakami quis dar à obra. Deixa o final em aberto, como na maioria dos seus livros mas este decepcionou-me e de que maneira. Esperava bem mais. Claro que gostei de tudo: da sequência das acções do personagem, dos diálogos e das próprias descrições do autor mas aquele final .
"A Sul da Fronteira, a Oeste do Sol", é delicado, profundamente melancólico e árido mas pedia mais, mais deste autor que já me habituou mal. Mal porque espero sempre mais, que se entregue por inteiro, que se entregue na medida do expectável, na medida em que me delicio a lê-lo e aqui fiquei com uma certa raiva do final. Não quero aquele final, quero um final que me permita continuar a sonhar e o que me apresentou foi uma coisa amarga, demasiado amarga. Demasiado bruta. Demasiado seca.
Fala-nos ao longo de todo o livro do destino, das opções tomadas voluntária e involuntariamente, a busca da felicidade e depois dá-me um final destes? É por isto que não se tornou no meu preferido de sempre, porque lhe falta ali qualquer coisa, falta-lhe a essência do final, da perspectiva de que as coisas vão melhorar...
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
Sono - Murakami
Andei a adiar durante várias semanas a minha opinião sobre "Sono" de Murakami, queria lê-lo uma segunda vez mas outros livros se colocaram à frente e deixei passar o tempo. Ora então, estamos perante um pequeno conto do autor nipónico com ilustrações de Kat Menschik. Apresenta-nos uma senhora, da qual não conheceremos nunca o seu nome, que sofre de violentas insónias, ou seja, nem chegam a ser insónias pois ela nem prega olho. O sono não aparece e ela tenta refugiar-se na leitura de Anna Karenina. Nada conta ao marido que está a sofrer deste problema e começa uma espécie de vida paralela nocturna. Uma espécie de 2ª vida.
Durante o dia, ela leva uma vida bastante banal, repetitiva, desenxabida... a noite torna-se mais perigosa, mais apetecível.
A história põe-nos na dúvida, será que a mulher é louca, que tudo aquilo não passa da sua imaginação, será que é a realidade? Não será ela uma louca, uma pessoa tão sofredora que anseia uma vida com mais suspense e acção?
Para ela, a noite torna-se no momento mais desejável do seu dia. O que é, afinal, "Sono"? Poderá ser, talvez, uma chamada de atenção do autor para as nossas vidas rotineiras e tão sem-graça.
"Sono" é um livro que incomoda pois ficamos sem saber realmente o que foi tudo aquilo, todo o enredo mas leva-nos a refletir, a pensar no significado da vida da personagem, no significado da nossa própria vida. Será que andamos adormecidos?
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
"Sputnik, Meu Amor", Haruki Murakami - II

Uma vez que este livro já foi descrito neste blog:
http://letrasemletra.blogspot.pt/2013/03/sputnik-meu-amor-haruki-murakami.html
Vou aqui apenas referir algumas das minhas citações preferidas:
"Não será que ate as coisas inúteis têm cabimento neste mundo longe-de-ser-perfeito? Se desta vida imperfeita eliminássemos tudo o que é inútil, a imperfeição deixava ela própria de fazer sentido"
"Vi pessoas que se diziam «vulneráveis» magoarem outros sem motivo aparente (...) com um perfil «franco e honesto» usarem desculpas esfarrapadas para obterem o que desejam a qualquer preço"
"Habituei-me desde muito novo a traçar uma fronteira invisível entre mim e os outros."
"Ela está tão apaixonada por mim que não quer saber de mais nada. É por isso que está apaixonada por mim."
"Sabe o quer dizer Sputnik em russo? Companheiro de viagem (...) aquilo não passava de uma porcaria de um pedaço de metal que andava para ali a girar à volta da Terra"
"Então me ocorreu que, apesar de sermos companheiras de viagem maravilhosas, no fundo, não passávamos de duas massas solitárias de metal em suas próprias órbitas separadas. À distância, parecem belas estrelas cadentes, mas, na realidade, não passam de prisões, em que cada uma de nós está trancada, sozinha, indo a lugar nenhum. Quando as órbitas desses dois satélites se cruzam, acidentalmente, podemos estar juntas. Talvez, até mesmo, abrir nossos corações uma à outra. Mas só por um breve momento. No instante seguinte, estaremos na solidão absoluta. Até nos queimarmos completamente e nos tornarmos nada." (versão brasileira)
"Alguma vez viram alguém levar um tiro e não ficar cheio de sangue? O sangue tem de ser derramado. vou afiar a minha faca, preparar-me para degolar um cão algures"
"Às vezes tenho a sensação de que o meu corpo está prestes a tornar-se invisível, de que me tornei completamente transparente."
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Novidade editorial
"Há dezassete dias que não durmo.» Assim tem início a história que Haruki Murakami imaginou e escreveu sobre uma mulher que, certo dia, deixou de conseguir dormir. Pela calada da noite, enquanto o marido e o filho dormem o sono dos justos, ela começa uma segunda vida. E, de um momento para o outro, as noites tornam-se de longe mais interessantes do que os dias... mas também, escusado será dizer, mais perigosas."
terça-feira, 3 de setembro de 2013
Norwegian Wood de Haruki Murakami
Norwegian Wood é incrivelmente triste e melancólico. Em linhas muito gerais trata-se de uma viagem ao passado contada por Toru Watanabe, um jovem cujo melhor amigo se suicida e isso fá-lo pensar na vida de outra forma. Watanabe apaixona-se por Naoko, namorada desse amigo, mas com o suicídio ela bloqueia todo o ser humano que é e não se consegue entregar a outros nem avançar com a sua própria vida. Torna-se num adolescente deprimida e não consegue sair desse buraco de forma nenhuma. Por isso mesmo, isola-se num sanatório nas montanhas. Watanabe visita-a várias vezes e promete esperar por ela. No entanto, o jovem conhece Midori, a personagem mais espontânea de toda a trama. Apaixonei-me mesmo por esta jovem! Murakami torna-a na personagem mais dinâmica, divertida, atrevida, louca e apaixonada de todo o enredo.
Nada tem de fantástico nem de surreal e apesar de ser um registo absolutamente diferente ao que já nos habituou não deixa de aquecer o nosso coração. Murakami aposta numa linguagem rica e cheia de metáforas, que a meu ver só demonstram a sua capacidade de criação:
Nada tem de fantástico nem de surreal e apesar de ser um registo absolutamente diferente ao que já nos habituou não deixa de aquecer o nosso coração. Murakami aposta numa linguagem rica e cheia de metáforas, que a meu ver só demonstram a sua capacidade de criação:
"Gostas mesmo de mim?"
"O suficiente para amansar todos os tigres do mundo."
domingo, 14 de abril de 2013
O Impiedoso País das Maravilhas e o Fim do Mundo de Haruki Murakami
Todo um grande capítulo sobre uma viagem de elevador. É assim que começa "O Impiedoso País das Maravilhas e o Fim do Mundo" de Haruki Murakami. Um
livro publicado em 1985 e que ganhou, nesse mesmo ano, o Prémio Tanizaki,
um importante prémio literário japonês.
Em Portugal, só em Março deste ano é que a obra viu a luz do dia mas o que interessa é a história. Já expliquei como começa e a forma como se desenrola é em tudo semelhante ao 1Q84: alterna os capítulos com o desenrolar de duas histórias diferentes.
Curioso é o facto de lermos toda a obra sem o autor nos dizer os nomes dos personagens, refere-se sempre a eles com substantivos.
O livro descreve literalmente dois mundos: o país das maravilhas, ou o mundo real e o Fim do mundo, o mundo mental do personagem.
Aqui, Murakami fala do coração, da alma e de sentimentos como nunca antes tinha falado. Fala de unicórnios, tece teorias sobre o conforto de um sofá, destrói por completo um apartamento, coloca uma adolescente anafada e um velhote a percorrer o submundo. Fala de sanguessugas, de Invisíveis, de Semióticos e do Sistema. Fala de Turguéniev, de Police , de Bob Dylan e de reggae. Murakami fala de tudo.
No Fim do Mundo, o personagem é separado da sua sombra e vai perdendo a sua própria memória. Encontra-se encerrado numa Cidade limitada por Muralhas, apaixona-se e luta para sair daquela prisão a céu aberto. Luta até perceber que consegue ler o coração da rapariga por quem se apaixonou.
No País das Maravilhas, o personagem colabora com um génio idoso mas vê-se de repente ligado a uma estranha experiência cerebral e aí surge a maior fuga de todo o livro. Percebe que vai deixar o mundo tal como o conhece e nada pode fazer para fugir desse destino. Terá que o aceitar.
Murakami é criador de universos como nunca outro escritor fez e, quero crer, alguma vez alguém fará.O Impiedoso País das Maravilhas e o Fim do Mundo é, no seu todo, um universo. Um universo fictício que marcará certamente o leitor.
O Impiedoso País das Maravilhas é um livro estranho mas que, conhecendo já a obra do autor, não espanta. Consome-se avidamente e fica-se com a sensação de querer mais. Mais da mente deste japonês que já deveria ter ganho um Nobel há muito...
sexta-feira, 29 de março de 2013
"Sputnik, Meu Amor", Haruki Murakami

A história é contada por K, um professor da Escola Primária que se apaixona por Sumire, que ambiciona ser escritora. Apesar de desenvolver um grande afecto pela jovem, K limita-se a ser um amigo e confidente para a jovem. Quem conseguiu encantar Sumire foi uma senhora misteriosa, de meia idade, chamada Miu.
É por esta "tríade amorosa" pela qual Murakami desenvolve este livro. Mais do que um simples romance, é uma interpretação psicológica do ser humano. A dada altura, a cumplicidade de Miu e Sumire leva ambas a passar uns tempos juntas, numa ilha grega. Aquilo que nos parece à primeira vista como uma inocente "escapadinha", acaba por se revelar como a descoberta das próprias personagens. Sumire desaparece nessa viagem, e Miu pede a K que a ajude na busca...
Não é, de todo, o típico triângulo amoroso "cliché", tão explorado na narrativa romântica. Há aqui uma preocupação do autor em mostrar a verdadeira importância do outro numa relação. A solidão, que é tão presente na aura de cada um destes três, é prova disso mesmo. Eu desejo essa pessoa, porque gosto da sua peculiaridade, ou porque me sinto bem ao seu lado? Será que quando estamos acompanhados, não conseguimos apagar a solidão que sentimos?
E estando nós a falar de Murakami, o surreal quase que nos passa despercebido na narrativa. Está tão imbuído na história, tão viciante, que nos esquecemos do espanto que por vezes nos causa. A acção das personagens, as suas aventuras sexuais, a música clássica... tudo está em perfeita sincronia com a temática central.
Não considero, de todo, como uma das obras mais marcantes do autor. Mas talvez por ser o primeiro que li, ou pela introspecção sobre a condição humana, (quase de forma inconsciente) terá sempre um lugar especial na minha estante... O livro chama-se "Sputnik, Meu Amor", o autor é Haruki Murakami, e em Portugal é editado pela LeYa (Casa das Letras).
É por esta "tríade amorosa" pela qual Murakami desenvolve este livro. Mais do que um simples romance, é uma interpretação psicológica do ser humano. A dada altura, a cumplicidade de Miu e Sumire leva ambas a passar uns tempos juntas, numa ilha grega. Aquilo que nos parece à primeira vista como uma inocente "escapadinha", acaba por se revelar como a descoberta das próprias personagens. Sumire desaparece nessa viagem, e Miu pede a K que a ajude na busca...
Não é, de todo, o típico triângulo amoroso "cliché", tão explorado na narrativa romântica. Há aqui uma preocupação do autor em mostrar a verdadeira importância do outro numa relação. A solidão, que é tão presente na aura de cada um destes três, é prova disso mesmo. Eu desejo essa pessoa, porque gosto da sua peculiaridade, ou porque me sinto bem ao seu lado? Será que quando estamos acompanhados, não conseguimos apagar a solidão que sentimos?
E estando nós a falar de Murakami, o surreal quase que nos passa despercebido na narrativa. Está tão imbuído na história, tão viciante, que nos esquecemos do espanto que por vezes nos causa. A acção das personagens, as suas aventuras sexuais, a música clássica... tudo está em perfeita sincronia com a temática central.
Não considero, de todo, como uma das obras mais marcantes do autor. Mas talvez por ser o primeiro que li, ou pela introspecção sobre a condição humana, (quase de forma inconsciente) terá sempre um lugar especial na minha estante... O livro chama-se "Sputnik, Meu Amor", o autor é Haruki Murakami, e em Portugal é editado pela LeYa (Casa das Letras).
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