sexta-feira, 28 de março de 2014

Histórias livreiras....


Era uma vez uma bela sexta-feira matinal, uma livreira e uma enorme livraria repleta de livros e estantes. Entra uma cliente e pergunta toda expedita: "Tem livros de Bernard Stilwell?". A livreira como não reconhece o nome do autor, pesquisa na base de dados e sem qualquer resultado pede para lhe soletrar o nome do suposto autor. Nada. "Sabe algum título dele para que eu o encontre aqui na base de dados mais facilmente?". "Ah. pois... isso já não sei. Só sei o nome do autor". A livreira mostra-se aborrecida por não conseguir ajudar a cliente e pede para que lhe explique que género de livro se trata. "Ah, é um rato...". "Será Geronimo Stilton?". Claro que é, esta livreira que está ao atendimento de livrarias há já 5 anos tem uma estrelinha que a ajuda e vai lá de memória muitas vezes. Acertou e a cliente ficou extasiada. É assim que se passam os dias dentro de uma livraria. Clientes que têm a certeza dos títulos ou dos autores e que depois não se trata de nada daquilo e clientes que entram, pedem e saem sem grandes dificuldades. E é destes que eu gosto. Que sabem já o que querem e ainda ficam à conversa, mas uma conversa interessante que nos deixa bem-dispostos. É disso que eu gosto.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Tradutor de Chuvas de Mia Couto

Tradutor de Chuvas, Caminho
 
Li algures que se trata de uma obra auto-biográfica. 66 poemas compõe este "Tradutor de Chuvas" mas poesia nunca foi fácil para mim. Tenho que parar e tentar perceber o significado, o que está ali atrás escondido. Não o li de uma assentada porque já fazia o esforço de o tentar perceber. Não sei se consegui. Gostei especialmente do primeiro poema: Cores de Parto onde ele descreve as primeiras sensações do ser humano. Couto vai contando a sua história. Há poemas descomplicados, típicos de Mia Couto e outros há em que temos que os reler. Há poemas para todos os gostos. E eu gosto de poemas simples, de poesia para as massas, fáceis de entender. E a poesia nunca é fácil.

 
"O homem faz amor para se sentir bem
A mulher faz amor quando se sente bem
Uns amam
Outros de si mesmos escapam[...]"
 
In "Falas de Uns"

terça-feira, 11 de março de 2014

Carta à Minha Filha - Maya Angelou

Carta à Minha Filha, Estrela Polar

Há uns anos via o programa de Oprah Winfrey na TV enquanto ela conduzia uma entrevista a Maya Angelou, escritora, poetisa, actriz e professora norte-Americana. Fiquei deliciada a ouvi-la, transparecia  doçura e tranquilidade. Foi isso que gostei nela.  
Recentemente vi um livro dela em promoção e não resisti. Já tinha alguma curiosidade e agora pude finalmente ler as suas palavras. "Carta à minha filha" é uma obra espiritual a quem Maya dedica a todas as mulheres que amam, lutam e sofrem.
Tenho o livro rabiscado nos primeiros capítulos pois foram aqueles que me transmitiram algo. Sublinhei algumas passagens e ia anotando num caderninho os conceitos que se entranharam em mim. Maya dá conta das aprendizagens que foi tendo na sua vida e que a tornaram numa pessoa melhor. Trata-se de uma auto-biografia da autora, revela alguns acontecimentos da sua vida: a vez em que ficou refém de um amigo, o filho que teve com o seu namorado, o racism que viveu, os amigos que foi fazendo ao longo da vida... Tudo isto pode parecer demasiado vago e superficial mas por vezes faz-nos bem ler sobre a vida de outra pessoa assim tão doce como Maya. Torna-se inspirador. Sabemos perfeitamente que temos que ser boas pessoas, com bom carácter e bla bla bla mas ler um testemunho sensível entranhar-se-à dentro de nós. Este é um bom livro para quando nos sentimos mais sensíveis, para um fim de tarde solarengo quando as folhas caem das árvores no outono, quando se bebe uma chávena de chá... "Carta à Minha Filha" lê-se de um fôlego, é dividido em pequenos capítulos e é leve como uma brisa suave.

"Podes não controlar todos os acontecimentos da tua vida, mas podes decidir não deixar que eles te debilitem. Tenta ser o arco-iris de outra pessoa".

"A minha alma irá sempre olhar para trás e admirar-se com as montanhas que subi, os rios que atravessei e os desafios que ainda tenho pela frente..."

segunda-feira, 10 de março de 2014

Ouvido numa livraria...


- Procuro o livro "Infância Perdida" e só sei que o autor é português.
- O título não deve ser esse porque existe um livro com esse mesmo título mas a autora é a britânica Cathy Glass. Não sabe mesmo o nome do autor? Ou de que é que trata a história, pode ser que eu consiga ajudar apenas com estes dados...
- Ah, é a história real de uma rapariga... Foi uma amiga minha que me falou nele...
- Não será "O Fim da Inocência" de Francisco Salgueiro?
- Acho que é isso, sim. Pode mostrar-me?

Por vezes a nossa memória não fixa as palavras correctas, armazena  por aproximação. A mente desta cliente aproximou o conceito de "inocência" com "infância" e "fim" com "perdida". A nossa mente prega-nos estas rasteiras e por exclusão de partes conseguimos chegar ao pretendido.