Há livros que nos fascinam e outros que nem por isso. Sabia que "Auto-Retrato do Escritor Enquanto Corredor de Fundo" falava das corridas em que Murakami participou mas admito que acreditava que falasse mais que isso, dos romances que escreveu, do tempo que dedica à escrita, à sua vida mais pessoal. Mas o autor foca-se nas corridas, nos treinos, nos quilómetros que percorreu ao longo dos 10 anos que demorou a escrever este livro de memórias, das dificuldades das competições. Murakami também fala do tempo dedicado à sua profissão e em como depois da faculdade abriu um bar de jazz que teve durante 3 anos e que depois abdicou para se dedicar totalmente à escrita de romances. Tudo começou com um concurso e prosseguiu a partir daí.
Murakami participou em diversas maratonas, triatlos e ultramaratonas. O último desafio que pretende cumprir é participar no Ironman mas a idade não perdoa. Mas ele tem vontade. Muita vontade.
Trata-de de um livro que faz um elogio à corrida, ao desafio e à força mental que é necessária para percorrer tantos quilómetros. O episódio que me marcou neste livro de memórias foi o facto do escritor japonês ter percorrido os 42 km da maratona original em que um grego correu da cidade de Maratona até Atenas para dar notícias da frente de guerra. Murakami fez o percurso inverso a pedido de uma revista e anos mais tarde participou numa corrida que faz precisamente todo o percurso original. É o capítulo mais marcante, mostra toda a dificuldade que passou naquele dia com um calor abrasador
Murakami deixa transparecer o amor que tem por este desporto tão solitário mas que ele diz ter tudo a ver com ele: o silêncio, o vazio... Ele descreve bem estes sentimentos enquanto as suas pernas aceleram. Diz ele que a corrida o moldou enquanto homem. Teve aulas que o prepararam melhor para as competições e não desiste. A corrida é tão importante para ele como escrever. e tem tempo para tudo. Que belo exemplo de força de vontade!
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