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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

"Sputnik, Meu Amor", Haruki Murakami - II



Uma vez que este livro já foi descrito neste blog:

http://letrasemletra.blogspot.pt/2013/03/sputnik-meu-amor-haruki-murakami.html

Vou aqui apenas referir algumas das minhas citações preferidas:

"Não será que ate as coisas inúteis têm cabimento neste mundo longe-de-ser-perfeito? Se desta vida imperfeita eliminássemos tudo o que é inútil, a imperfeição deixava ela própria de fazer sentido"

"Vi pessoas que se diziam «vulneráveis» magoarem outros sem motivo aparente (...) com um perfil «franco e honesto» usarem desculpas esfarrapadas para obterem o que desejam a qualquer preço"

"Habituei-me desde muito novo a traçar uma fronteira invisível entre mim e os outros."

"Ela está tão apaixonada por mim que não quer saber de mais nada. É por isso que está apaixonada por mim."

"Sabe o quer dizer Sputnik em russo? Companheiro de viagem (...) aquilo não passava de uma porcaria de um pedaço de metal que andava para ali a girar à volta da Terra"

"Então me ocorreu que, apesar de sermos companheiras de viagem maravilhosas, no fundo, não passávamos de duas massas solitárias de metal em suas próprias órbitas separadas. À distância, parecem belas estrelas cadentes, mas, na realidade, não passam de prisões, em que cada uma de nós está trancada, sozinha, indo a lugar nenhum. Quando as órbitas desses dois satélites se cruzam, acidentalmente, podemos estar juntas. Talvez, até mesmo, abrir nossos corações uma à outra. Mas só por um breve momento. No instante seguinte, estaremos na solidão absoluta. Até nos queimarmos completamente e nos tornarmos nada." (versão brasileira)

"Alguma vez viram alguém levar um tiro e não ficar cheio de sangue? O sangue tem de ser derramado. vou afiar a minha faca, preparar-me para degolar um cão algures"

"Às vezes tenho a sensação de que o meu corpo está prestes a tornar-se invisível, de que me tornei completamente transparente."

sexta-feira, 29 de março de 2013

"Sputnik, Meu Amor", Haruki Murakami

  Esta foi a minha primeira viagem no mundo incomparável de Murakami. Sim, porque em qualquer livro que lemos deste autor nipónico, somos convidados a entrar num universo paralelo... A narrativa que ele nos impõe, tem algo que é capaz de cativar o autor com as frases e ideias mais simples. E este livro ilustra isso muito bem.

   A história é contada por K, um professor da Escola Primária que se apaixona por Sumire, que ambiciona ser escritora. Apesar de desenvolver um grande afecto pela jovem, K limita-se a ser um amigo e confidente para a jovem. Quem conseguiu encantar Sumire foi uma senhora misteriosa, de meia idade, chamada Miu.

   É por esta "tríade amorosa" pela qual Murakami desenvolve este livro. Mais do que um simples romance, é uma interpretação psicológica do ser humano. A dada altura, a cumplicidade de Miu e Sumire leva ambas a passar uns tempos juntas, numa ilha grega. Aquilo que nos parece à primeira vista como uma inocente "escapadinha", acaba por se revelar como a descoberta das próprias personagens. Sumire desaparece nessa viagem, e Miu pede a K que a ajude na busca...

   Não é, de todo, o típico triângulo amoroso "cliché", tão explorado na narrativa romântica. Há aqui uma preocupação do autor em mostrar a verdadeira importância do outro numa relação. A solidão, que é tão presente na aura de cada um destes três, é prova disso mesmo. Eu desejo essa pessoa, porque gosto da sua peculiaridade, ou porque me sinto bem ao seu lado? Será que quando estamos acompanhados, não conseguimos apagar a solidão que sentimos?

   E estando nós a falar de Murakami, o surreal quase que nos passa despercebido na narrativa. Está tão imbuído na história, tão viciante, que nos esquecemos do espanto que por vezes nos causa. A acção das personagens, as suas aventuras sexuais, a música clássica... tudo está em perfeita sincronia com a temática central.
  
   Não considero, de todo, como uma das obras mais marcantes do autor. Mas talvez por ser o primeiro que li, ou pela introspecção sobre a condição humana, (quase de forma inconsciente) terá sempre um lugar especial na minha estante... O livro chama-se "Sputnik, Meu Amor", o autor é Haruki Murakami, e em Portugal é editado pela LeYa (Casa das Letras).