Mas afinal quem é que escreve? Os escritores são muitas
vezes só e apenas escritores mas há aqueles que já se dedicaram a outras
actividades: ex-jornalistas, médicos, biólogos, matemáticos, até actores e
gentes ligadas aos audiovisuais. Há de tudo um pouco: H. G. Wells era professor, José Saramago foi
funcionário público, Herman Melville
foi ajudante de navio mercante. Então pouco importa a que actividades se
dedicavam anteriormente? Claro que não! Tudo o que fizeram antes importa e
muito! Muito provavelmente foi aí que se inspiraram: temos o exemplo mais
flagrante, Melville trabalhou num navio e foi aí buscar inspiração para o seu Moby Dick. Não se trata, como é
evidente, de um factor obrigatório. Podem buscar inspiração no seu simples
dia-a-dia, conversas que ouvem, ou desenvolver simplesmente uma ideia que lhes
surgiu na mente.
“Um escritor, é antes
de tudo, um leitor” dizia Machado de Assis, e assim tem que ser. O escritor tem
que saber responder às exigências dos leitores, tem que saber o que procuram.
Embora a escrita seja um trabalho solitário, escrevem muitas vezes fechados em
casa, no silêncio. Será que pensam naquilo que o público realmente deseja?
E depois há aqueles que seguem tendências, lembro-me da moda dos vampiros, foi um surto de enredos
sobre estes seres, ou a moda dos diários cómicos para os leitores mais pequenos,
ou a ainda recente, talvez já em rescaldo, moda de histórias eróticas. Por vezes surgem
estas epidemias, cansativas e inexplicáveis aos olhos de quem lê regularmente. Contudo,
devemos tirar o chapéu a estes autores que conseguem pôr milhares de pessoas sem hábitos nenhuns de leitura a ler um livrito de vez em quando. Por isso defendo sempre estas modas, passageiras claro, de
histórias que pouco ou nadam dizem e levem estes leitores esporádicos a olhar uma vez por outra para a montra das livrarias.
1 comentário:
Pois. Foi com verdadeira comoção que li e prometo voltar ao assunto, mas hoje e assim de um fôlego só quero dizer que este tema me interessa e vou preparar um comentário mais elaborado porque o escritor de facto é cada vez mais a outra face do leitor. O livro é um produto que se perfila nas prateleiras à espera de ser consumido e será tanto mais consumido quanto mais for atraente para o consumidor. Falaste bem das modas e vê como tem sido produtiva e universal a moda da desencriptação de códigos mais ou menos cabalísticos.
Saúdo, deste meu canto tropical, o nascimento deste ponto de encontro e desejo muitos anos de vida.
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