segunda-feira, 1 de julho de 2013
sábado, 29 de junho de 2013
O mundo de SJ Perelman
O livro é um conjuntos de vários contos humorísticos curtos escritos entre 1930 e 1970 que faz parte da colecção de Ricardo Araújo Pereira.
Faz-me lembrar o stand-up comedy de hoje em dia, com a diferença de que em vez de serem contados na TV ou em teatro são escritos. SJ Perelman pega em situações acontecidas na sua casa em Pensilvânia, em viagens que realizou ou argumentos em que fez parte e ridiculariza-os, ou melhor, fala sobre eles de uma forma tão natural, referindo o que passou e vivenciou, o que sentiu (nunca tem bons pressentimentos sobre o que vai acontecer) que os torna bastante engraçados.
Pode pegar também numa notícia, numa imagem, num filme, qualquer situação e consegue imaginar toda uma cena, onde nos descreve em forma de texto dramatúrgico, da qual reproduz grandes diálogos.
Achei a maior parte das histórias engraçadas, algumas eram mais piadas da época, tinham mais significado naquela altura do que hoje em dia. Quase todos os locais, livros ou filmes terão existido de facto e estão referenciados em nota de rodapé.
Faz-me lembrar o stand-up comedy de hoje em dia, com a diferença de que em vez de serem contados na TV ou em teatro são escritos. SJ Perelman pega em situações acontecidas na sua casa em Pensilvânia, em viagens que realizou ou argumentos em que fez parte e ridiculariza-os, ou melhor, fala sobre eles de uma forma tão natural, referindo o que passou e vivenciou, o que sentiu (nunca tem bons pressentimentos sobre o que vai acontecer) que os torna bastante engraçados.
Pode pegar também numa notícia, numa imagem, num filme, qualquer situação e consegue imaginar toda uma cena, onde nos descreve em forma de texto dramatúrgico, da qual reproduz grandes diálogos.
Achei a maior parte das histórias engraçadas, algumas eram mais piadas da época, tinham mais significado naquela altura do que hoje em dia. Quase todos os locais, livros ou filmes terão existido de facto e estão referenciados em nota de rodapé.
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O Mundo de SJ Perelman, Tinta da China |
quinta-feira, 13 de junho de 2013
O Terceiro Gémeo - Ken Follet
Foquemo-nos na história. Jeannie Ferrami é uma cientista, especialista em gémeos, que estuda os componentes genéticos responsáveis pela agressividade nos indivíduos. Na sequência do seu estudo descobre que dois indivíduos são gémeos: um deles é um simples estudante de direito por quem acaba por se apaixonar, o outro é um assassino que está preso mas os dois homens nasceram em dias diferentes. Jeannie percebe que algo está mal e procura respostas. A história mete violações, roubos, trocas de identidade e fertilizações in vitro num só saco. Tudo isto no espaço de uma semana. A história é contada na 3ª pessoa e dá a conhecer várias personagens mas nenhuma delas é aprofundada. Sabemos que Follet deu bastante ênfase ao brinco usado por Ferrami na narina.
Um livro que envolve conspiração, estudos académicos, política e corrupção. Um misto que teria tudo para dar certo se Follet não fosse demasiado previsível na sequência do enredo.
A Dra. Ferrami fica com o gémeo bom, destrói as carreiras dos gestores de topo envolvidos, salva o pai da má vida, e vai passar a lua-de-mel às Caraíbas. É este o final com que nos brinda Follet. Se não é previsível, não sei o que é. Esperava mais deste autor de quem se fala tanto devido aos seus Pilares da Terra.
Surgem também certas incongruências referentes a alguns episódios: será possível um recluso conseguir esconder dos guardas uma ratazana no bolso e tentar violar a cientista em plena sala de visitas com um polícia lá dentro?
Publicado pela Bertrand.
Surgem também certas incongruências referentes a alguns episódios: será possível um recluso conseguir esconder dos guardas uma ratazana no bolso e tentar violar a cientista em plena sala de visitas com um polícia lá dentro?
Publicado pela Bertrand.
O Livro…
Quando era miúda não gostava de ler, não por falta de
influência, já que a minha mãe sempre adorou ler, principalmente policiais. Mas
não era uma actividade que me puxasse. Sempre adorei aprender matérias novas
mas ler...
Penso que a escola assim como estava não incentivava (não
sei como está neste momento) os alunos à leitura, os livros que davam eram
aborrecidos (por exemplo, “Os Maias”), com demasiados significados, muito
intrincados, principalmente a poesia (Fernando Pessoa, “Lusíadas”), o que uma
pessoa pensava que era o seu significado afinal não tinha nada a ver (o que no
meu caso era motivo para a desmotivação), não havia grande liberdade para os
alunos dizerem o que pensavam, puxar pela imaginação, ver para além do que está
definido.
Uma coisa boa que fizeram já na época do meu irmão, cerca de
5 anos mais tarde, foi que, além dos livros escolares obrigatórios, os alunos
tinham de escolher um livro (o meu irmão decidiu ler “O Conde de Monte Cristo”
de Alexandre Dumas), fazer um resumo e apresenta-lo à turma.
Na minha opinião, é uma das hipóteses de incentivo à
leitura, são os alunos que escolhem os livros, os que acham que têm mais piada,
mesmo os mais simples, com mais desenhos, mais banda desenhada, o que for. Basta
um clique para que uma criança/adolescente/adulto comece a ler e a querer mais
e mais, basta “apanhar” o livro certo.
Claro que não se devem desdenhar os livros que são dados na
nossa escola, trata-se da nossa História, da nossa Cultura e devem ser lidos e
estudados, mas também se deve dar a hipótese dos alunos fazerem as suas
escolhas, lerem, aprenderem e a dar asas à sua imaginação para quando chegarem
à idade adulta saberem também decidir por eles próprios sem estar à espera que outros
lhes digam as respostas.
O meu caso é irónico, o clique foi a “Aparição” de Vergílio
Ferreira (livro obrigatório na altura). Se me pedirem para fazer um resumo, já não o conseguirei. Mas recordo-me
que naquela altura era um livro diferente de todos os outros, mais melancólico,
sim, mais depressivo, sim….mas diferente, falava de coisas que eu conhecia, por
exemplo Évora, falava de sentimentos, do significado da vida, tomei consciência
de coisas que passavam despercebidas. Uma questão tão simples e corriqueira
como reparar que de tanto dizeres uma palavra ela deixa de ter sentido, e será
que o facto de deixar de ter sentido será que deixa de ter significado?
E é isso que é mágico num livro, consegue dizer, o autor
consegue transcrever, tudo o que o leitor está a sentir e não consegue dizer
por palavras ou que nem sequer tinha tomado consciência. É como se houvesse uma
relação leitor/autor. O leitor lê e pode rever-se no que está escrito. O autor
consegue levar o leitor a sair da sua realidade e levá-lo para dentro do livro,
a ser o personagem principal, a ser o herói, a ter mais afinidade com este ou aquele
personagem, a querer dar um calduço a “A” porque não vê o que está a frente dos
olhos. Concluindo, o livro pode entrar na mente de uma pessoa de tal modo que
consegue despertar todo o tipo de sentimentos, desde risinhos e gargalhadas,
choramingos e choradeiras e até revolta ou raiva. Mas o melhor é conseguir
ser-se surpreendido.
Abre mentes para outras realidades, desvaloriza situações
que pensávamos importantes e que afinal nós é que estávamos a empolar e pode
mostrar outras realidades que nunca pensávamos que existissem ou sabíamos que
existiam mas estamos tão interiorizados com os dogmas da sociedade, que tomamos
certas situações como certas e intocáveis e desvalorizamos as restantes.
E depois há aqueles livros fantásticos de autores magníficos como
J. R.R. Tolkien, que constroem um mundo desde o começo do Tempo até agora, que
nos transporta para uma realidade completamente diferente e irreal e no entanto
tão credível que parece que existiu de facto.
Claro que ainda assim muitas pessoas continuarão a não ler e
a não gostar de ler, é sempre uma questão de gosto, paciência, disponibilidade.
No entanto, acho que nunca é nem nunca será uma perda de tempo ler (ou tentar
ler) um livro porque nunca se sabe o que estará nele encerrado.
segunda-feira, 10 de junho de 2013
“Histórias Extraordinárias” de Edgar Allan Poe
O livro que trago hoje
é “Histórias Extraordinárias” publicado pela primeira vez em 1839 em dois
volumes com o nome “Tales
of the Grotesque and Arabesque”.
Tendo lido pela
primeira vez este tipo de livro, sobre mistério, suspense e terror, achei
alguns bastante macabros principalmente o primeiro conto “A Pipa de Amontillado”
que por uma mera (digo eu) questão de um insulto levou a um final daqueles. Foi
o que mais me impressionou, talvez por ter sido o primeiro que li. O que não
quer dizer que não tenha gostado, muito pelo contrário. Devo dizer que não é o mais
horrendo, essa lista penso que começará pela “Berenice” e depois pelo “O Gato Preto”.
Os contos são sempre narrados na primeira pessoa e falam
normalmente da morte, incluindo os presságios de morte (“A Esfinge”), a sensação que se tem quando sabe
(ou pensa que sabe) que vai morrer (“O Poço e o Pêndulo” e “Manuscrito Encontrado Numa Garrafa”), os efeitos da decomposição
(“O Gato Preto”), o ser-se enterrado vivo (“O Enterro Prematuro” e “Berenice”), o luto (“Ligeia”) e a reanimação
dos mortos (“Morella” e “Ligeia”).
Além deste tema,
insere-se também o lado mais negro da
personalidade da personagem principal, o
seu grau de loucura (“O coração delator”, “O Gato Preto”) e o seu grau de obsessão
(“A Caixa Longa”, “O Demónio da Perversidade” e “Berenice”).
“Metzengerstein” retrata também a morte mas vai
mais para o lado da lenda, é uma história engraçada. “O Escaravelho de Ouro”
foi o que menos gostei, é o conto mais longo, tem também um final misterioso e
algo sinistro, no entanto é mais do género livro de aventuras… a procura de um
tesouro de piratas!
Quanto a “William Wilson”,
é semelhante ao último livro sobre o qual escrevi - “O Homem Duplicado” – que falava
de duas pessoas totalmente iguais, voz, físico, tudo. É semelhante até no ponto
que despoleta a finalização da tormenta - a luxúria. No entanto achei que
faltava qualquer coisa. Essa coisa encontrei-a neste conto. Além da vitória de
um sobre o outro, é mais negro. A morte física de um é a morte interior do
outro.
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Histórias Extraordinárias, Leya |
terça-feira, 28 de maio de 2013
"O Homem Duplicado" de José Saramago
Personagem principal: Tertuliano Máximo Afonso.
Devo dizer que não é dos meus livros preferidos de José Saramago,
estava à espera de mais qualquer coisa. Faltou ali talvez um pouco mais de “combate”.
No entanto, gostei pela parte de nos fazer pensar sobre a
nossa identidade e de como a nossa vida (e a dos que nos rodeiam) pode mudar
radicalmente devido a um, neste caso, filme aparentemente inofensivo:
- Quando um homem na sua pacata vida se vê diante de uma
situação inesperada, o que faz?
- Poderá ter uma crise de identidade?
- E essa crise, fá-lo revelar o mal ou o bem que há em si?
- Será que tem um Senso Comum suficientemente apurado para o ajudar a ver o que está certo ou o que está errado?
- Será que sabe parar?
- Ou aquilo que mexe dentro dele é de tal forma obsessivo e
atormentador que não consegue?
- Porque o faz?
- Curiosidade? Obsessão? Medo?
- Gozo? Vingança?
- Pensa que tem o total controlo da situação…e afinal, é ele
o controlado.
- Assim, quanto às decisões que vai tendo, pensando que está a tomar um rumo supostamente inofensivo, será que tem a plena
consciência das consequências que trazem?
- E acha que consegue lidar com as consequências inesperadas?
- Sabe que afectam os que o rodeiam?
- Sabe que o afecta a ele para o resto da vida?![]() |
O Homem Duplicado, Caminho |
A Princesa de Gelo de Camilla Läckberg
Intrincado. Nenhuma outra palavra descreve melhor o livro de estreia da sueca Camilla Läckberg. É o típico policial: a investigação de um homicídio revela segredos antigos de três famílias oriundas de uma pacata vila costeira da Suécia. Todo o cenário é gelado: desde o próprio título até às paisagens descritas por Läckberg. Erica, a protagonista, vê Alexandra, a sua amiga de infância morta e, a pedido da família, começa a escrever uma biografia sobre ela mas para isso terá que fazer uma investigação sobre a sua vida, já que há mais de vinte e cinco anos perderam o contacto. A par com a investigação policial, Erica vai descobrindo assuntos antigos bem enterrados. Várias personagens vão surgindo mas a autora descreve-as bem e nem sequer temos dificuldade em memorizá-las, por vezes, os escritores caem no erro de dar a conhecer demasiadas personagens mas aqui, tudo é bem descrito e no tempo correcto. Certos aspectos vão sendo desvendados e só no final ficamos a saber quem foi o assassino. Mas nem só deste assassínio vive o livro, temos o romance entre Erica e Patrick, o polícia que vai desvendando factos no caso e se entreajudam, a relação com a sua irmã, Anna... Existe uma série de histórias à volta da trama principal que constroem toda esta realidade na pacata vila.
Läckberg constrói as personagens de tal forma que algumas nos chegam a irritar e a querermos esmurrá-las especialmente quando descobrimos que algumas são violentas fisicamente e outras tão cínicas e falsas.
Claro que se trata de um típico policial, não trazendo por isso nada de novo, mas para quem gosta do género não se irá arrepender. Até descrevem Läckberg como a nova Agatha Christie...
Sinopse
De regresso à cidadezinha onde nasceu depois da morte dos pais, a escritora Erica Falk encontra uma comunidade à beira da tragédia. A morte da sua amiga de infância, Alex, é só o princípio do que está para vir. Com os pulsos cortados e o corpo mergulhado na água congelada da banheira, tudo leva a crer que Alex se suicidou.
Quando começa a escrever uma evocação da carismática Alex, Erica, que não a via desde a infância, vê-se de repente no centro dos acontecimentos. Ao mesmo tempo, Patrik Hedström, que investiga o caso, começa a perceber que as coisas nem sempre são o que parecem. Mas só quando ambos começam a trabalhar juntos é que vem ao de cima a verdade sobre aquela cidadezinha com um passado profundamente perturbador…
Läckberg constrói as personagens de tal forma que algumas nos chegam a irritar e a querermos esmurrá-las especialmente quando descobrimos que algumas são violentas fisicamente e outras tão cínicas e falsas.
Claro que se trata de um típico policial, não trazendo por isso nada de novo, mas para quem gosta do género não se irá arrepender. Até descrevem Läckberg como a nova Agatha Christie...
Sinopse
De regresso à cidadezinha onde nasceu depois da morte dos pais, a escritora Erica Falk encontra uma comunidade à beira da tragédia. A morte da sua amiga de infância, Alex, é só o princípio do que está para vir. Com os pulsos cortados e o corpo mergulhado na água congelada da banheira, tudo leva a crer que Alex se suicidou.
Quando começa a escrever uma evocação da carismática Alex, Erica, que não a via desde a infância, vê-se de repente no centro dos acontecimentos. Ao mesmo tempo, Patrik Hedström, que investiga o caso, começa a perceber que as coisas nem sempre são o que parecem. Mas só quando ambos começam a trabalhar juntos é que vem ao de cima a verdade sobre aquela cidadezinha com um passado profundamente perturbador…
A Princesa de Gelo, Dom Quixote
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