quarta-feira, 21 de maio de 2014

Caderno de Maya - Isabel Allende

"O Caderno de Maya", Porto Editora

Isabel Alende mete-me raiva. Raiva porque não sei escrever como ela e raiva porque me prende logo nas primeiras páginas e não consigo largar o livro. "O Caderno de Maya" é demasiado bom e Allende escreve demasiado bem. Há anos que a conheço e li vários livros dela e há anos que não pegava em nenhum dos seus livros. O sentimento actual? Arrependimento por não ter seguido a sua obra mais de perto. Mas ainda vou a tempo de me inteirar do seu imaginário. "Caderno de Maya" obriga-nos a lê-lo de enfiada, tal é o ritmo da narrativa. Gosto de autores sul-americanos, todos os que conheço têm uma escrita similar, talvez devido aos problemas dos seus países, evocam as memórias semelhantes e as culturas serão certamente próximas. Daí talvez resultem todos no mesmo tipo de escrita.
Allende é uma belíssima contadora de histórias. Em caderno de Maya dá-nos a conhecer uma jovem, Maya, que escreve num caderno à laia de diário e vamos acompanhando as suas memórias nos anos mais difíceis da vida. Maya era uma jovem com uma educação normal nos Estados Unidos mas quando o seu avô morre, refugia-se no álcool e nas drogas e a partir daí é vê-la a afundar-se num poço cada vez mais fundo. O pai e a avó de Maya internam-na numa instituição de reabilitação mas esta foge e vai parar a Las Vegas. A sua vivência torna-se cada vez mais difícil e aos poucos vai-se deixando levar pelo mundo da marginalidade. Os acontecimentos sucedem-se e a avó reencontra-a feita num farrapo e envia-a para uma pequena ilha do Chile: Chiloé, onde reaprende a viver e faz descobertas importantes em relação à sua própria família. Todos estes contratempos não tornam Maya num ser abominável mas sim numa personagem que nos apetece estender a mão e ajudar. Ela é boa pessoa e torcemos ao longo de toda a narrativa por um final feliz. Não me vou alongar na história, é preciso lê-la para ficarmos com esta Maya Vidal na nossa memória. Que bela personagem...

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