segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

"O Último Anel" de Kiril Yeskov

Tenho andado com alguma dificuldade e uma certa preguiça para falar deste livro. Não gosto falar mal dos livros que leio. Tento ver sempre o lado positivo, têm sempre algo de novo a ensinar ou imaginar. Aliás, este foi o primeiro desde há muito, que me foi muito custoso acabar de lê-lo. Mas sempre quis falar de todos os livros que leio, e assim espero que seja.

Eu adoro todos os livros de Tolkien. Todos os que são relativos à história da Terra Média, e escritos em português, já os li e estou agora novamente a lê-los pela ordem cronológica. E confesso que tinha elevadas expectativas sobre este livro. Sabia que não era de Tolkien, mas pensava mesmo que fosse uma visão de um orc da Guerra do Anel.

O início era promissor: em vez de pensar nos orcs e trolls como sendo aqueles monstrengos, sem cérebro, só querendo sangue, morte, vingança, medo, horror, ou seja, O Mal... começamos a ler o livro e sabemos que os orcs são inteligentes, extremamente cultos e até bondosos (tendo em conta o seu estilo de vida... claro que alguns dedicavam-se ao banditismo).

Gostei muito do modo como o narrador nos conta a história (inicialmente): escreve e tem até uma visão romântica das natureza e paisagens de Mordor. Apresenta-nos um tipo de escrita bastante humorística: é aquela questão de pensar em orcs (Os Orcs - O Mal) e, no entanto, eles próprios pensarem que são apenas uma terra que luta pelo seu país e pelo seu futuro. O "problema" de Mordor é querer evoluir. E os mauzões da fita, obviamente Gandalf e os elfos, referem que um país sem agricultura, que importa tudo, é um país sem futuro.

Mas depois, é o descalabro. Fala da Guerra do Anel mas é apenas nas primeiras páginas. A verdadeira história passa-se após este acontecimento e verifica-se que pouco tem a ver com o Senhor dos Anéis. Enrola muito, 1/3 do livro desenrola-se pelas aventuras do Gondoriano (o homem) onde a maior parte podia ser apagada, mete muitas coisas desnecessárias, demasiada espionagem, contra-espionagem, conspirações, e não sei quantas instituições. A última parte torna-se interessante, mas depois do que se leu no início promissor e da seca do entretanto, o gozo da terceira parte foi-se.

Conclusão: é interessante a relação Mordor vs Ocidentais, isto é, ciência vs religião; civilização, progresso, tecnologia, indústria vs natureza, a cegueira por deuses, regressão.

No entanto, eu acho que nada tem a ver com o Senhor dos Anéis, na medida que tenho a sensação de que ele só colocou os nomes, o mapa e a história para vender mais alguns livros. Porque de resto acho que é um livro de espionagem normal. Aquele mundo mágico da Terra Média, longínquo, magnifico, um outro mundo (apesar de eu pensar que poderá ser o nosso mundo há muitas eras atrás, nunca se sabe), vai-se todo, tanto devido ao que já falei, como com o narrador a referir até de tecnologias cinematográficas, cinemas, televisões, aviões, etc.


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