domingo, 14 de abril de 2013

O Impiedoso País das Maravilhas e o Fim do Mundo de Haruki Murakami

Todo um grande capítulo sobre uma viagem de elevador. É assim que começa "O Impiedoso País das Maravilhas e o Fim do Mundo" de Haruki Murakami. Um
livro publicado em 1985 e que ganhou, nesse mesmo ano, o Prémio Tanizaki,
um  importante prémio literário japonês.
Em Portugal, só em Março deste ano é que a obra viu a luz do dia mas o que interessa é a história. Já expliquei como começa e a forma como se desenrola é em tudo semelhante ao 1Q84: alterna os capítulos com o desenrolar de duas histórias diferentes.
Curioso é o facto de lermos toda a obra sem o autor nos dizer os nomes dos personagens, refere-se sempre a eles com substantivos.
O livro descreve literalmente dois mundos: o país das maravilhas, ou o mundo real e o Fim do mundo, o mundo mental do personagem.
Aqui, Murakami fala do coração, da alma e de sentimentos como nunca antes tinha falado. Fala de unicórnios, tece teorias sobre o conforto de um sofá, destrói por completo um apartamento, coloca uma adolescente anafada e um velhote a percorrer o submundo. Fala de sanguessugas, de Invisíveis, de Semióticos e do Sistema. Fala de Turguéniev, de Police , de Bob Dylan e de reggae. Murakami fala de tudo.
No Fim do Mundo, o personagem é separado da sua sombra e vai perdendo a sua própria memória. Encontra-se encerrado numa Cidade limitada por Muralhas, apaixona-se e luta para sair daquela prisão a céu aberto. Luta até perceber que consegue ler o coração da rapariga por quem se apaixonou.
No País das Maravilhas, o personagem colabora com um génio idoso mas vê-se de repente ligado a uma estranha experiência cerebral e aí surge a maior fuga de todo o livro. Percebe que vai deixar o mundo tal como o conhece e nada pode fazer para fugir desse destino. Terá que o aceitar.
Murakami é criador de universos como nunca outro escritor fez e, quero crer, alguma vez alguém fará.O Impiedoso País das Maravilhas e o Fim do Mundo é, no seu todo, um universo. Um universo fictício que marcará certamente o leitor.
O Impiedoso País das Maravilhas é um livro estranho mas que, conhecendo já a obra do autor, não espanta. Consome-se avidamente e fica-se com a sensação de querer mais. Mais da mente deste japonês que já deveria ter ganho um Nobel há muito...
 
 
O Impiedoso País das Maravilhas e o Fim do Mundo, Casa das Letras
 

Sem comentários: